sábado, 28 de dezembro de 2013

Aliança x Amizade




Algumas pessoas não fazem amizades, elas fazem alianças. A princípio, as duas coisas podem parecer uma só, mas com o tempo, percebe-se as diferenças entre elas. Aquele que busca aliados, começa o relacionamento disfarçando-o de amizade. Oferece troca de segredos, confidências, é agradável e mais divertido e gentil que as outras pessoas em geral. Oferece favores, ludibria o provável aliado comprando-o com presentes caros e especiais. Por um tempo, faz com que ele se sinta uma pessoa única e extremamente especial. Entretanto, é necessário dizer que aquele que faz alianças não acha que sua próxima conquista seja inteligente ou especial. Ela é somente um instrumento de reafirmação de seu ego, usado enquanto tem valor para tal fim. A aliança é difícil de se manter, posto que ela prevê que ambos os lados estejam sempre satisfeitos. A pessoa que faz alianças espera não ser contrariado, e ressente-se quando isso acontece. Espera favores especiais em troca daqueles oferecidos anteriormente. Cobra o a
liado como se, ao aceitar o que se dizia amizade, esse tivesse assinado um contrato de vida comprometendo-se a aceitar a sua verdade como absoluta. Utiliza-se de chantagens emocionais e outros recursos mais baixos para manter o relacionamento, que no fim, revela-se doentio.

Amizades são diferentes. Amigos não esperam apoio incondicional, e aceitam opiniões divergentes, mesmo que com relutância. Amigos não exigem que você tenha a mesma opinião que eles, mas que lhe garantam o direito de expressá-la. Esperam que você diga a eles o que querem ouvir, mas também ouvem críticas e tentam entender o seu lado. Ressentem-se não dos favores que não são "pagos", mas da sua ausência, da falta que você faz. Querem estar com você pelo prazer da sua companhia, não pelo que você tem a oferecer. Amigos não tem que ser sempre educados e gentis, pois entendem que há momentos em que você não pode oferecer-lhes isso. Amigos não esperam que você dê nada em troca, a não ser um ombro no qual chorar, um ouvido para escutá-lo, momentos de alegria e de tristeza, conversas sem pé nem cabeça, e ajuda nos momentos difíceis.




A pessoa que oferece alianças é imatura, infantil. A pessoa que oferece amizade é madura e confiável.


A aliança escraviza e machuca. A amizade liberta e cura.


E você? Estabelece alianças ou amizades?

domingo, 6 de janeiro de 2013

Feelings

Isso aconteceu em abril de 2011. Vitória veio à cozinha enquanto eu estava fazendo um brigadeiro, e perguntou se poderia ajudar-me. Então foi à sua casinha de bonecas e voltou com uma cadeira e uma flauta. Não entendi o motivo daqueles objetos e ela tampouco soube me explicar. Começou a soprar a flauta, mas logo saiu correndo e chorando para seu quarto. Subi para tentar acalmá-la e descobrir o que estava acontecendo, e seguiu-se o diálogo:
- Mamãe, o papai do céu realiza todos os desejos?
- Os que são possíveis sim
- Como assim?
- É que se você pedir para nevar aqui, por exemplo, e realmente nevar, muitas pessoas vão morrer de frio por que não tem roupa de neve, então, ele ouve o que você pediu, mas não pode realizar seu desejo.
- E o papai do céu não quer que ninguém morra, mesmo que seja uma pessoa desobediente, né?
- Isso mesmo
- É que eu desejei a ele que colocasse um monte de coraçõezinhos em volta de mim enquanto eu tocava a flauta, para que eu conseguisse explicar o que eu não tava conseguindo...

terça-feira, 17 de maio de 2011

A SOMBRA DAS COISAS

Este é um texto que trabalho sempre nas aulas do oitavo ano. Como não o achei em português, quis traduzi-lo e deixá-lo aqui para que mais pessoas possam desfrutar de sua beleza e simplicidade.

          Carmelo nasceu sem sombra. O médico percebeu na mesma hora. Comunicou o pai, que não compreendeu. Todos em sua família tinham tido sombra até então, era a primeira vez que algo assim lhe acontecia. Lançou um olhar acusador à sua esposa, que não sabia o que dizer. A quem terá puxado, sem sombra, perguntava-se o pai desolado.

         Os melhores médicos da cidade estudaram seu caso, mas pouco puderam fazer. Os pais de Carmelo reuniram o dinheiro para levá-lo a outro país, onde um médico especialista no assunto tinha resolvido casos parecidos. Houve experiências, lhes explicou o médico, de transplantes de sombra exitosos. Teremos que encontrar uma que se adapte ao tamanho de seu filho, à sua altura, a seu perfil. Mas Carmelo recusou todas as sombras. O caso de seu filho é particularmente agudo, lhes disse o médico enquanto cobrava a consulta.

         Carmelo cresceu sem sombra. Seus companheiros de escola logo se aperceberam e passaram a rir dele. “Por que eu não tenho sombra?”, perguntava Carmelo todas as noites, entre lágrimas, à sua mãe. Por que seu coração é tão grande e sua alma tão sincera, lhe dizia ela, que se pode ver através de você. Carmelo se converteu em um jovem esquivo, evasivo. Somente saía à rua nos dias nublados, quando as nuvens roubavam as sombras de todos e o faziam apenas mais um.

          Em um maravilhoso dia sem sol, em um parque próximo, Carmelo conheceu a Tulipán, tão cheia de adolescência, tão doce, formosa como uma nuvem. Conversaram e deram muitas risadas, buscaram cumplicidades e fizeram acordos, trocaram olhares, batidas, segredos, fizeram um pacto sem que o percebessem. Combinaram um encontro para outro dia, na esquina da Alameda com Hidalgo, junto a um semáforo e uma banca de flores, onde trabalhava uma senhora corcunda.

          Carmelo aguardava, sofria em silêncio. Os dias passavam ensolarados e no rádio, diziam que assim seguiriam por muito tempo. Na noite anterior ao encontro, Carmelo não pode dormir. Rezou para que amanhecesse nublado, mas não foi assim. Aquele foi o dia mais radiante e claro de todos que a cidade já havia presenciado. O céu vestiu nessa manhã seu melhor terno azul e Carmelo foi ao encontro, sem sombra e amedrontado. Esteve a ponto de pintá-la no chão, mas desistiu. As horas, por sua vez, fariam virar as outras sombras, deixando a sua em postiça evidência. E o medo venceu o amor. Carmelo preferiu conservar intacta a lembrança de seu maravilhoso e nublado encontro no parque. Antes que Tulipán chegasse, Carmelo, bêbado de pena, se foi para sempre.

          Se tivesse ficado ali quando a menina apareceu na esquina, atribulada, atrasada, Carmelo teria pensado que estava ainda mais linda que da outra vez. Se estivesse ali, teria descoberto que Tulipán era como ele, uma menina sem sombra, e que juntos, talvez, poderiam ter vivido uma vida maravilhosa, de nublado porvir, em algum país ao norte, onde o sol, em consideração a seu amor, pensaria seis vezes antes de sair.

Por: Fernando León de Aranoa

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A menina de lá

          Sua casa ficava para trás da Serra do Mim, quase no meio de um brejo de água limpa, lugar chamado o Temor-de-Deus. O Pai, pequeno sitiante, lidava com vacas e arroz; a Mãe, urucuiana, nunca tirava o terço da mão, mesmo quando matando galinhas ou passando descompostura em alguém. E ela, menininha, por nome Maria, Nhinhinha dita, nascera já muito para miúda, cabeçudota e com olhos enormes.

         Não que parecesse olhar ou enxergar de propósito. Parava quieta, não queria bruxas de pano, brinquedo nenhum, sempre sentadinha onde se achasse, pouco se mexia. – "Ninguém entende muita coisa que ela fala..." – dizia o Pai, com certo espanto. Menos pela estranhez das palavras, pois só em raro ela perguntava, por exemplo: - "Ele xurugou?" – e, vai ver, quem e o quê, jamais se saberia. Mas, pelo esquisito do juízo ou enfeitado do sentido. Com riso imprevisto: - "Tatu não vê a lua..." – ela falasse. Ou referia estórias, absurdas, vagas, tudo muito curto: da abelha que se voou para uma nuvem; de uma porção de meninas e meninos sentados a uma mesa de doces, comprida, comprida, por tempo que nem se acabava; ou da precisão de se fazer lista das coisas todas que no dia por dia a gente vem perdendo. Só a pura vida.

          Em geral, porém, Nhinhinha, com seus nem quatro anos, não incomodava ninguém, e não se fazia notada, a não ser pela perfeita calma, imobilidade e silêncios. Nem parecia gostar ou desgostar especialmente de coisa ou pessoa nenhuma. Botavam para ela a comida, ela continuava sentada, o prato de folha no colo, comia logo a carne ou o ovo, os torresmos, o do que fosse mais gostoso e atraente, e ia consumindo depois o resto, feijão, angu, ou arroz, abóbora, com artística lentidão. De vê-la tão perpétua e imperturbada, a gente se assustava de repente. – "Nhinhinha, que é que você está fazendo?" – perguntava-se. E ela respondia, alongada, sorrida, moduladamente: - "Eu... to-u... fa-a-zendo". Fazia vácuos. Seria mesmo seu tanto tolinha?

          Nada a intimidava. Ouvia o Pai querendo que a Mãe coasse um café forte, e comentava, se sorrindo: - "Menino pidão... Menino pidão..." Costumava também dirigir-se à Mãe desse jeito: - "Menina grande... Menina grande..." Com isso Pai e Mãe davam de zangar-se. Em vão. Nhinhinha murmurava só: - "Deixa... Deixa..." – suasibilíssima, inábil como uma flor. O mesmo dizia quando vinham chamá-la para qualquer novidade, dessas de entusiasmar adultos e crianças. Não se importava com os acontecimentos. Tranqüila, mas viçosa em saúde. Ninguém tinha real poder sobre ela, não se sabiam suas preferências. Como puni-la? E, bater-lhe, não ousassem; nem havia motivo. Mas, o respeito que tinha por Mãe e Pai, parecia mais uma engraças espécie de tolerância. E Nhinhinha gostava de mim.

          Conversávamos, agora. Ela apreciava o casacão da noite. – "Cheiinhas!" – olhava as estrelas, deléveis, sobrehumanas. Chamava-as de "estrelinhas pia-pia". Repetia: - "Tudo nascendo!" – essa sua exclamação dileta, em muitas ocasiões, com o deferir de um sorriso. E o ar. Dizia que o ar estava com cheiro de lembrança. – "A gente não vê quando o vento se acaba..." Estava no quintal, vestidinha de amarelo. O que falava, às vezes era comum, a gente é que ouvia exagerado: - "Alturas de urubuir..." Não, dissera só: - "... altura de urubu não ir." O dedinho chegava quase no céu. Lembrou-se de: - "Jabuticaba de vem-mever..." Suspirava, depois: - "Eu quero ir para lá." – Aonde? – "Não sei" Aí, observou: - "O passarinho desapareceu de cantar..." De fato, o passarinho tinha estado cantando, e, no escorregar do tempo, eu pensava que não estivesse ouvindo; agora, ele se interrompera. Eu disse: - "A Avezinha." De por diante, Nhinhinha passou a chamar o sabiá de "Senhora Vizinha..." E tinha respostas mais longas: - "Eeu? Tou fazendo saudade." Outra hora falava-se de parentes já mortos, ela riu: - "Vou visitar eles..." Ralhei, dei conselhos, disse que ela estava com a lua. Olhou-me, zombaz, seus olhos muito perspectivos: - "Ele te xurugou?" Nunca mais vi Nhinhinha.

         Sei, porém, que foi por aí que ela começou a fazer milagres.

         Nem Mãe nem Pai acharam logo a maravilha, repentina. Mas Tiantônia. Parece que foi de manhã. Nhinhinha, só, sentada, olhando o nada diante das pessoas: - "Eu queria o sapo vir aqui" Se bem a ouviram, pensaram fosse um patranhar, o de seus disparates, de sempre. Tiantônia, por vezo, acenou-lhe com o dedo. Mas, aí, reto, aos pulinhos, o ser entrava na sala, para aos pés de Nhinhinha – e não o sapo de papo, mas uma bela rã brejeira, vinda do verduroso, a rã verdíssima. Visita dessas jamais acontecera. E ela riu: - "Está trabalhando um feitiço..." Os outros se pasmaram; silenciaram demais.

           Dias depois, com o mesmo sossego: - "Eu queria uma pamonhinha de goiabada" – sussurrou; e, nem bem meia hora, chegou uma dona, de longe, que trazia os pãezinhos da goiabada enrolada na palha. Aquilo, quem entendia? Nem os outros prodígios, que vieram se seguindo. O que ela queria, que falava, súbito acontecia. Só que queria muito pouco, e sempre as coisas levianas e descuidosas, o que não põe nem quita. Assim, quando a Mãe adoeceu de dores, que eram de nenhum remédio, não houve fazer com que Nhinhinha lhe falasse a cura. Sorria apenas, segredando seu – "Deixa... Deixa..." – não a podiam despersuadir. Mas veio vagarosa, abraçou a Mãe e a beijou , quentinha. A Mãe, que a olhava com estarrecida fé, sarou-se então, num minuto. Souberam que ela tinha também outros modos.

          Decidiram de guardar segredo. Não viessem ali os curiosos, gente maldosa e interesseira, com escândalos. Ou os padres, o bispo, quisessem tomar conta da menina, levá-la para sério convento. Ninguém, nem os parentes de mais perto, devia saber. Também, o Pai, Tiantônia e a Mãe, nem queria versar conversas, sentiam um medo extraordinário da coisa. Achavam ilusão.

          O que ao Pai, aos poucos, pegava a aborrecer, era que de tudo não se tirasse o sensato proveito. Veio a seca, maior, até o brejo ameaçava se estorricar. Experimentaram pedir a Nhinhinha: que quisesse a chuva. – "Mas, não pode, ué..." – ela sacudiu a cabecinha. Instaram-na: que, se não, se acabava tudo, o leito, o arroz, a carne, os doces, frutas, o melado. – "Deixa... Deixa..." – se sorria, repousada, chegou a fechar os olhos, ao insistirem, no súbito adormecer das andorinhas.

          Daí a duas manhãs quis: queria o arco-íris. Choveu. E logo aparecia o arco-da-velha, sobressaído em verde e o vermelho – que era mais um vivo cor-de-rosa. Nhinhinha se alegrou, fora do sério, à tarde do dia, com a refrescação. Fez o que nunca lhe vira, pular e correr por casa e quintal.

          - "Adivinhou passarinho verde?" – Pai e Mãe se perguntavam. Esses, os passarinhos, cantavam, deputados de um reino. Mas houve que, a certo momento, Tiantônia repreendesse a menina, muito brava, muito forte, sem usos, até a Mãe e o Pai não entenderam aquilo, não gostaram. E Nhinhinha, branda, tornou a ficar sentadinha, inalterada que nem se sonhasse, ainda mais imóvel, com seu passarinho-verde pensamento. Pai e Mãe cochichavam, contentes: que, quando ela crescesse e tomasse juízo, ia poder ajudar muito a eles, conforme à Providência decerto prazia que fosse.

          E, vai, Nhinhinha adoeceu e morreu. Diz-se que da má água desses ares. Todos os vivos atos se passam longe demais.
Desabado aquele feito, houve muitas diversas dores, de todos, dos de casa: um de-repente enorme. A Mãe, o Pai e Tiantônia davam conta de que era a mesma coisa que se cada um deles tivesse morrido por metade. E mais para repassar o coração, de se ver quando a Mãe desfiava o terço, mas em vez das ave-marias podendo só gemer aquilo de – "Menina grande... Menina grande..." – com toda ferocidade. E o Pai alisava com as mãos o tamboretinho em que Nhinhinha se sentava tanto, e em que ele mesmo se sentar não podia, que com o peso de seu corpo de homem o tamboretinho se quebrava.

          Agora, precisavam de mandar um recado, ao arraial, para fazerem o caixão e aprontarem o enterro, com acompanhantes de virgens e anjos. Aí, Tiantônia tomou coragem, carecia de contar: que, naquele dia, do arco-íris da chuva, do passarinho, Nhinhinha tinha falado despropositado de satino, por isso com ela ralhara. O que fora: que queria um caixãozinho cor-de-rosa, com enfeites de verdes brilhantes... A agouraria! Agora, era para se encomendar o caixãozinho assim, sua vontade?

          O Pai, em bruscas lágrimas, esbravejou: que não! Ah, que, se consen-tisse nisso, era como tomar culpa, estar ajudando ainda Nhinhinha a morrer...

         A Mãe queria, ela começou a discutir com o Pai. Mas, no mais choro, se serenou – o sorriso tão bom, tão grande – suspensão num pensamento: que não era preciso encomendar, nem explicar, pois havia de sair bem assim, do jeito, cor-de-rosa com verdes funebrilhos, porque era, tinha de ser! – pelo milagre, o de sua filhinha em glória, Santa Nhinhinha.

    (in Primeiras Estórias, João Guimarães Rosa, Editora Nova Fronteira)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Como meus professores me ensinaram a ser professor

Esse é o título de uma produção que tive que fazer para o meu curso. A proposta era que pensássemos em como nossos professores influenciaram a escolha da profissão. Segue o texto:



Minha primeira memória com relação aos professores que tive data os idos dos anos 80, quando eu ainda estava no pré. Eu freqüentava a escola desde os dois anos de idade, mas não tenho recordações dessa época. No entanto, me lembro perfeitamente do primeiro dia do pré, eu estava muito ansiosa, e minha professora me pediu que fosse à lousa, escrever meu nome. Fui até o quadro, e dei o meu melhor, com muito cuidado, escrevi meu nome. A professora disse que eu poderia me sentar, e quando eu o fiz, ela me bombardeou com a seguinte afirmação:
- Você escreve espelhado.
Eu não podia entender o que era aquilo, mas pela cara da professora, entendi que não podia ser bom. Ela me chamou à lousa e me manteve lá por o que pareceu para mim uma eternidade. Explicou-me que o desenho do meu nome estava errado e que ela iria me ensinar o correto. Tenho a impressão que este episódio foi determinante para minha baixa auto-estima e minha insegurança quando se trata de assuntos acadêmicos, posto que me lembre dele como se tivesse sido ontem. Claro que muito provavelmente com algumas distorções que a minha estória de vida possa ter provocado.
Minhas lembranças seguintes são mais difusas, menos específicas. Estudei em um colégio de freiras, e me lembro de um grande carinho por cada uma das minhas professoras, tia Auxiliadora (um nome sugestivo para uma professora, não é mesmo?). Lembro-me também de um professor Brasílio, de Educação Física, sempre achei o nome muito curioso.
Com a mudança para Santa Cruz, fui para uma escola pública, considerada de ótima qualidade. Realmente até hoje, é uma das melhores escolas de nossa região. Lembro-me da professora da quinta série, que começava todas as aulas com exercícios para os braços e o pescoço. Ela era mãe da minha tia, e me tratava excepcionalmente bem, talvez pelo vínculo. Lembro-me do professor de Matemática, que às vezes se utilizava de músicas para nos ensinar. Lá na Floresta, vive um passarinho, que mui contente vive cantando sempre... Ele era o máximo. Não tenho muitas outras lembranças deste período, parece-me que estava mais preocupada em integrar-me aos grupinhos de amigos que existiam na escola.
No Ensino Médio, tive professores bárbaros, em uma escola particular. Adorava as aulas da professora de português, e os textos, as regras gramaticais. Tudo fazia muito sentido para mim. Inglês era comigo mesmo, mas as professoras, com exceção da dona Nilda, não ajudavam muito. Meus professores da área de exatas me ensinaram como é importante paciência e compreensão dos limites de seus alunos.
No exterior, tive contato com outro tipo de professores. Aqueles mais frios, distantes, que se limitavam a ensinar o conteúdo. Todos na escola sabiam que eu era uma estrangeira, mas posso contar nos dedos de uma mão quantos deles me perguntaram sobre meu país natal ou sobre como era viver no exterior. Simplesmente não se importavam.
Já na faculdade, ahhh a faculdade! Essa sem dúvida foi a melhor época da minha vida em todos os âmbitos. Os professores da Unesp de Bauru foram os que realmente me provocaram mudanças. Sempre muito acessíveis, de fácil trato. Companheiros mesmo no meu processo de aprendizagem. Dedicados, motivadores, provocadores.
Não posso falar deles sem uma pontinha de nostalgia e sem me emocionar. Jair Lopes, com suas explicações longuíssimas e supostamente lógicas sobre a Psicologia da Motivação. Ensinou-me a perseverar e perdeu (e ganhei) horas e horas me ensinando aquilo que para mim parecia impossível compreender. Sandro, que ensinava Etologia, gostava de louva-deuses e quando dava de imitá-los na sala, era hilário. Ensinou-me que meu corpo fala por mim, e que é sempre necessário estar atento às suas mensagens. Amauri, que era o professor de patologia, dizia sempre que eu me tornaria uma educadora pela facilidade com que eu conseguia transmitir aquilo que aprendia. Maria da Glória, minha professora de didática, que me ensinou, através da sua forma de agir em sala de aula, como não ser uma professora. Ari, que passou semanas tentando me ensinar a concepção de homem concreto de Marx e de trabalho alienado de Leontiev. Ensinou-me a importância de tentar sempre mais uma vez. E por fim, Ângelo, Marisa e Elenita. Os responsáveis pela minha inclinação à área da educação. Esses três, meus professores de Psicologia da Educação e Orientação Profissional, mudaram meu modo de ver o mundo. Brincaram com todas as minhas convicções fracas, de modo a destruí-las e me ajudaram a reerguê-las, baseando-se na verdade, no conhecimento e na ciência.
Escrever este texto me causou um grande sentimento de nostalgia, uma saudade imensa dessas pessoas tão queridas, e fez-me sentir injusta com aqueles não citados aqui. Devo meu caminho tal como está trilhado a essas pessoas maravilhosas, que de uma forma ou de outra, ensinaram-me o que é ser professor.

FOR YOUR BABIES



Essa musica me traz tantas recordações da minha bem vivida adolescência que, quando a ouço, tenho a impressão que meu peito vai explodir de emoção. Me lembro da inocência da época, das paixões puras e desinteressadas, das amizades sinceras, da honestidade dos olhares. Lembro-me de como foi acreditar, por um período que fosse, que a vida seria perfeita, que o príncipe chegaria em um cavalo branco, que as amizades durariam para sempre, que as pessoas que me rodeavam seriam sempre perfeitas... Lembro-me das voltas incessantes na avenida, das domingueiras no Ica, dos carnavais de muita folia, do cheiro de material escolar recém comprado, das cartas que escrevia e recebia, dos bilhetes em sala de aula, dos verões no ginásio vendo os jogos santacruzenses, de fumar escondido, matar aula pra ir na pracinha, das enquetes que vinham em cadernos e sempre acabavam com a pergunta: o que você acha da dona desse caderno?, das letras de músicas internacionais em folhas do Fisk, batalhadas com muito esforço por que eu não era aluna, de amigos que se foram para sempre, mas deixaram sua marca em minha existência, do coração batendo ao toque da mão desejada, do sabor do beijo por tanto tempo ansiado, dos bailinhos em casa de amigos, quando a vassoura se divertia rodando de mão em mão durante a canção, das bicotas roubadas, dos planos para o futuro, da banda Chegad´s, das vizinhas inseparáveis, dos dramas dos amores não correspondidos, da felicidade ensaiada... Tenho comigo uma certeza de que tudo isso ainda existe a medida em que nos lembramos disso. Há momentos em que me pego pensando nesses tempos e são nesses momentos que tenho uma vontade incontrolável de ligar para cada um de meus amigos daquela época e dizer que ainda penso neles, que sim, me lembro do que vivemos e essas lembranças me inundam de nostalgia às vezes... De dizer que ainda tenho suas cartas (sim, Ju, Patrícia, Silvinha, e Elaine, as do futuro também, me mato de rir com nossas previsões), que quando tenho um tempinho dou uma olhada nelas e me lembro de tudo aquilo... Thelma, o seu número de cartas supera o de todas as outras.

Enfim, a saudade só existe quando vivemos algo intensamente. E faz bem ao coração relembrar, é bom visitar o passado para recordar como nos tornamos quem somos hoje.

domingo, 28 de novembro de 2010

Valer a pena

No meu segundo dia de aula na escola que assumi este ano, tive aula no segundo ano do Ensino Médio, uma sala cheia de alunos barulhentos e enormes (literalmente enormes, minha mãe ficou pasma ao conhecer um deles outro dia). A sala possuía cerca de 4o alunos, e estavam tão acostumados a falar, que falavam ser perceber... Quando davam por si, estavam no maior papo como se fosse hora do intervalo. Entrei e foi assim que encontrei essa sala. Parei diante de todos aqueles alunos extremamente intimidadores (toda sala de aula é intimidadora no primeiro dia), me apresentei, fiz a chamada e comecei a aula. Com exceção de três ou quatro olhinhos mais atentos, os demais alunos naquela farra. Um desses olhinhos atentos era a Ana Flávia, que depois de alguns dias me contou que tinha muita dificuldade em "tradução", e que estava preocupada em não dar conta. Expliquei a ela que ela estava fazendo errado, que não tinha que traduzir, que aquele conjunto de letras e palavras e frases tinham que fazer sentido para ela. Foi então que inclui nas minhas aulas, algumas dicas sobre interpretação de texto, e a leitura obrigatória e resumo de um artigo de revista ou jornal em inglês por semana. E disse a aluna que ela só não daria conta se não quisesse. Que dizer "Eu não entendo" encerra o assunto e se torna uma justificativa e uma muleta para os fracassos. Quando você assume alguma dificuldade, este deveria ser o primeiro passo para superá-la. Mas a maioria das pessoas usa essa afirmação como a simples e suficiente justificativa para seu fracasso em determinados âmbitos da vida. Tá, é difícil, mas o que você vai fazer sobre isso? Já dizia Sartre que não importa o que a vida fez com você, importa o que você fez com o que a vida queria fazer com você.
Há algum tempo, soube que passei em um concurso da prefeitura. Essa semana assumo. E terei que deixar algumas aulas, inclusive as da sala dela. Hoje, ao chegar em casa, me deparei com uma mensagem que fez todo o meu esforço de um ano doido, vendo pouco a minha filha, comendo qualquer porcaria na rua, voando na estrada na velocidade máxima do meu Uninho, levando desaforo de alunos que não querem nada com nada; valer a pena. Pedi a ela para publicar aqui, ao que ela aquiesceu:

Teacher...
Gostaria de te agradecer por suas aulas esse ano e pelo seu apoio e dedicação.
Agradeço por sua paciencia comigo e por não ter desistido de dar aulas no segundo ano do XXX, como outros professores
Sem você concerteza eu não teria melhorado tanto em ingles, e gostaria que você soubesse que nunca vou esquecer tudo que aprendi com você.
Aprendi que não iria mudar a situação dizer ''não sei, não entendo'', entendi que eu precisava correr atras e em você encontrei apoio e uma professora que me auxiliou, e muito, nas minhas traduções de textos, que eram minha maior dificuldade
Teacher, eu gabaritei a prova de ingles da fuvest e com certeza foi por ter tido você como minha professora! Essa vitória não foi só minha hahahahaha
Obrigada, obrigada e obrigada.
Sem você eu não teria conseguido esse feito, que pra mim, uma aluna que sempre teve imensa dificuldade em ingles, foi algo extraordinario...
Não sei nem como te agradecer, mas saiba que agradeço a Deus por ter tido você como professora esse ano.
Espero que ano que vem eu continue te encontrando nas minhas manhãs, porque você é a melhor professora de ingles possivel, e além disso é uma pessoa muito querida!
Obrigada de novo
Beijos, Ana Flávia - 2º ano, XXX

Vou sentir saudades de você, Ana. Obrigada por não desistir de você mesma. I´m very proud of you!!!!

Diálogos Fantásticos VII

Tive que parar o que estava fazendo para registrar:

Sentadas as duas à mesa, eu corrigindo provas, a Vivi brincando com massinha, ela me pediu que eu fizesse um caracol bebê com a massinha dela. Terminado o caracol, ela me disse:

- Mamãe, esse é o caracol bebê mais bonito e mais perfeito do mundo.

- Obrigada, filha. Como você, quando nasceu.

- É, por que eu sou a menina mais linda de todo o mundo.

- E a mais modesta, também.

- O que é modesta, mamãe?

- É uma pessoa que não fica se vangloriando de suas qualidades, do que tem de bom.

- O que é vangloriar, mamãe?

- É ficar falando sobre si mesma, sobre suas qualidades. Uma pessoa modesta, pode até saber que é inteligente, mas sabe que as outras pessoas também têm outras qualidades legais e não fica dizendo que é a mais inteligente.

- Hummmm. Eu sou modesta, mamãe?

- Então. Não é nada modesta.

- Não tem problema. Já que eu sou a mais inteligente e a mais linda menina do mundo, eu não preciso ser modesta.

Antes disso, na piscina, eu estava brincando de boiar... Quando ela disse:

- Mamãe, você é uma ótima boiadeira.

- Por que, filha?

- Você bóia tão bem!!!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Spanish Guitar

A smoky room, a small caffe
They come to hear you play
And drink and dance the night away
I sit out in the crowd
And close my eyes
Dream you're mine
But you don't know
You don't even know that I am there

Chorus:
I wish that I was in your arms
Like that Spanish guitar
And you would play me through the night
'Til the dawn
I wish you hold me in your arms
Like that Spanish guitar
All night long, all night long
I'm be your song, I'd be your song

Steal my heart with every note you play
I pray you'll look my way
And hold me to your heart someday
I hope to be the one that you caress with tenderness
And you don't know
You don't even know that I exist

Chorus

Te sientas entre la gente
Cierras tu ojos
Y sueñas que soy tuyo
Pero yo no se ni siquiera que estas ahi
Me gustaria tenerte en mis brazos amor

I sit out in the crowd
And close my eyes
Dream you're mine
And you don't know
You don't even know that I exist

Apenas Mais Uma De Amor


Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido

Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

Eu acho tão bonito isso
De ser abstrato baby
A beleza é mesmo tão fugaz

É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido

Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
E eu vou sobreviver...
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber

quarta-feira, 30 de junho de 2010

DIÁLOGOS FANTÁSTICOS VI

Vitória pensativa fazia inalação enquanto eu escovava os dentes. Havia mais de uma semana que nós duas estávamos gripadas, e a babá no dia anterior, me comunicou ao telefone que não viria trabalhar por que estava também gripada. Respondi a ela, ao telefone:
- Nossa, você deve ter pegado gripe da gente.
E hoje, a pérola:
- Mamãe, a Mayara não pode ter pegado gripe da gente.
- Não, Vivi?
- Não, ela não pegou gripe nem de mim nem de você.
- Como você pode saber disso, filha?
- Ora essa, se nós duas ainda temos as nossas gripes... Ela deve ter pegado a de outra pessoa.

Claro!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A grama do vizinho




Há um certo há de queixume sem razões muito claras. Converso com pessoas que estão na meia-idade, todas com profissão, família e saúde e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso?

Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: "Eu espero/acontecimentos/só que quando anoitece/é festa no outro apartamento”. Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha sido convidada. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são — ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.

As "festas em outros apartamentos" são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então, fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.

Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos para se refugiar no escuro raramente são divulgados. Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores. "Nunca conheci quem tivesse levado porrada - todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo". Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia e olha que na época em que ele escreveu estes versos, não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta.

Nesta era de exaltação de celebridades — reais e inventadas — fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras, fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes, enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé?

Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista. As melhores festas costumam acontecer dentro do nosso próprio apartamento.



Martha Medeiros

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Sempre Música

A música sempre esteve muito presente em minha vida, e apesar de não ter nenhuma habilidade nesta arte (e acho que em nenhuma outra), sempre procurei estar entre pessoas que compartilham desta paixão.
Tenho algumas preferências, claro, mas um álbum em específico tem o poder de me transportar a outro tempo e a outro lugar, a lembranças cheias de nostalgia de um mundo que passou por mim e me transformou de muitas formas...
Esse álbum é o "Letras Brasileiras" do Oswaldo Montenegro, que costumava escutar na época da faculdade, e cujas letras fazem a gente pensar muito...
Aqui vão algumas das partes prediletas deste álbum

"Eu quero te contar, das chuvas que apanhei, das noites que varei, no escuro a te buscar"
(Sem Fantasia - Chico Buarque)

"...de repente, fomos ficando cada dia mais sozinhos, embora juntos cada qual tem seu caminho"
(Fim de Caso - Dolores Duran)

"Quando sinto no pescoço um nó, vem o vento e me sopra, e sou pó"
(Pó - Beto Brasiliense)

"Calça nova de listrado, paletó de linho branco, que até o mês passado, lá no campo, ' inda era flor"
(Mucuripe - Belchior)

"Descansa tua mão cansada sobre a minha... sobre a minha mão... a força do universo não te deixará... o lume das estrelas te alumiará... na casa do meu coração pequeno... no quarto do meu coração menino... no canto do meu coração espero... agasalhar-te a ilusão"
(Meu amigo, meu herói - Gilberto Gil)

"– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone, eu preciso beber alguma coisa,rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal..."
(Sinal Fechado - Paulinho da Viola)

"é quando o sol vai quebrando lá pro fim do mundo pra noite chegar, é quando se ouve mais forte o ronco das ondas na beira do mar, é quando o cansaço da lida da vida obriga João se sentar (...) se a noite é de lua, a vontade é contar mentira, é se espreguiçar, deitar na areia da praia que acaba onde a vista não pode alcançar. E assim adormece esse homem que nunca precisa dormir pra sonhar, porque não há sonho mais lindo do que sua terra"
PS: Quase coloco a música toda, por que ela é linda!!!
(João Valentão - Dorival Caymmi)

"Mas você anda sem dúvida bem zangada, e está interessada em fingir que não me vê"
(Três Apitos, Noel Rosa)

"Prometo te querer, até o amor cair doente... Prefiro então partir a tempo de poder a gente se desvencilhar da gente... depois de te perder, te encontro com certeza, talvez num tempo da delicadeza. Onde não diremos nada, nada aconteceu. Apenas seguirei, como encantado ao lado teu"
(Todo Sentimento - Chico Buarque)

"Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer
Pois todos os caminhos me encaminham prá você
Assim como o oceano só é belo com o luar
Assim como a canção só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem só acontece se chover
Assim como o poeta só é grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor não é viver
Não há você sem mim e eu não existo sem você"
PS: Não tenho parte preferida dessa música... ela é inteira preferida...
(Eu não existo sem você - Vinícius de Morais)

"Olhavas só para mim, vitórias de amor cantei. Mas foi tudo um sonho . . . acordei ! "
(Eu sonhei que tu estavas tão linda - Lamartine)

"Dez mil Joões, mil vidas severinas, cem mil poetas, todos eles sós, em procissões, natais e serpentinas, dez mil mãos postas... a esperança é profissão e sina, ensina laços a fingir de nós"
(Letras Brasileiras - Oswaldo Montenegro)

"Uma mulher tem que ter qualquer coisa além de beleza, qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade. Um molejo de amor machucado, uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher, feita apenas para amar e para sofrer pelo seu amor"
Machista... Mas lindo ainda assim
(Samba da Benção - Tom Jobim)

“Muitos fizeram poesia, mas só Vinícius de Moraes viveu como poeta” citando Drummond

"Amar é vontade de ficar perto se longe e mais perto se perto" citando Vinicius

"Sua benção Vinicius, tu que de tanto talento, nasceu no plural"

"Não tem porque interpretar um poema, uma poema já é uma interpretação" citando Mário Quintana


quinta-feira, 30 de julho de 2009

TÁCTICA Y ESTRATEGIA
***
Mi táctica es
mirarte
aprender como sos
quererte como sos

Mi táctica es hablarte y escucharte
construir con palabras
un puente indestructible

Mi táctica es
quedarme en tu recuerdo
no sé cómo ni sé
con qué pretexto
pero quedarme en vos

Mi táctica es ser franco
y saber que sos franca
y que no nos vendamos
simulacros
para que entre los dos
no haya telón ni abismos

Mi estrategia
es en cambio
más profunda y más simple

Mi estrategia es
que un día cualquiera
no sé cómo ni sé
con qué pretexto
por fin me necesites.

- Mario Benedetti -

Para una persona muy especial... que vuelve todas las tardes para contarme como muere el día


"... lo que no daría yo por contemplarte aunque fuera un solo instante..."

domingo, 14 de junho de 2009

Diálogos Fantásticos V e o Casamento



Novamente, a Vitória com suas histórias... Impagáveis.

Meu irmão se casou no dia 29 de maio, em uma cerimônia linda em Leme. A Vitória foi convidada a ser daminha junto com o priminho Matheus, algumas semanas antes. Começou então a correria para providenciar roupa, sapato, entre outros. No entanto, a maior preparação foi com a Vitória que eu (ingenuamente) achava que poderia abrir mão daqueles segundos de fama e atenção exclusiva. Então, de uma conversa que tivemos, ela concluiu que o tio Rô se casaria com a tia Íris e ela se casaria com o Má. Até aí tudo bem, mas qual não foi minha surpresa quando surpreendo Rodrigo e Vitória no maior dos papos, no qual ela pedia a ele que quando ela estivesse entrando com o Má na igreja a música a tocar fosse:
"- Com quem será, com quem será, com quem será que a Vitória vai casar?
- Vai depender, vai depender, vai depender se o Má vai querer..."


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No dia seguinte, aniquilados com a festança animada da boda, o pior humor era o da Vitória. Indagada a respeito, respondeu:
- Ah, mamãe. Tô títi (triste) por que ninguém disse que eu tava linda. Só uma moça do hotel que eu nem conheço.
Mal eu tinha pensado no assunto, ela se resolveu:
- Mas sabe, acho que eu não ouvi por que eles tavam pensando que eu tava linda e quando as pessoas pensam, as outras não ouvem, né, mamãe???
Resolvida a tristeza e inabalada a auto-estima.


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E na noite passada, com o querido, amado e adorado tio Pedro, íamos para a festa junina, e o tio Pedro tentando conversa:
- Sabe Vitória, a gente podia dançar a quadrilha. Talvez ser os noivos. A gente podia casar, você quer casar com o tio Pedro?
Ela o olhou friamente e respondeu:
- Eu já me casei com o Má. Não posso me casar de novo!


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* A propósito, para que injustiça não seja cometida, todos disseram à Vivi que ela estava linda. Não sei de onde ela tirou essa história de ninguém ter-lhe dito isso.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Que mundo é esse?



Esse vídeo me fez parar para refletir a respeito de uma série de conceitos equivocados que construímos, carregamos e dividimos ao longo de nossa vida.


Ouve-se muito sobre a responsabilidade da mídia quanto ao ideal de estética imposto na nossa sociedade. Mas as pessoas nunca se perguntam qual é a sua responsabilidade quanto a esse fenômeno.
Necessário repensarmos nossas opções, nossos pré - conceitos, nossas atitudes e principalmente, aquilo que ensinamos aos nossos meninos e meninas.

Ser ou parecer? Você é quem sabe...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Diálogos Fantásticos IV

Meu irmão e a Vitória mais uma vez em suas intermináveis medições de força. A Vivi estava levantando um ventilador de chão... E comentou:

- É pesado...

Rodrigo, que não podia perder a oportunidade de sair de tio forte e viril:

- Eu levanto ele com um dedo só!!

E Vivi, que não podia ficar atrás, por que afinal de contas, puxou prá mãe, solta:

- Grande coisa! Eu levanto com um monte de dedos!